O Búfalo
(Clarice Lispector)
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o conto “O
Búfalo”, Clarice Lispector apresenta uma personagem que, rejeitada pelo homem
que ama, vai ao zoológico, onde pensa encontrar ódio e animalidade, e parece
querer não só legitimar o seu próprio ódio encontrar-se com este sentimento,
mas também matar um pouco do amor existente em si. A adversidade que permeia a narrativa
aparece já no primeiro momento em que ela entra no zoológico. Neste ambiente,
encontra-se com um animal solitário, com o qual se identifica, ou no qual
identifica o homem que a rejeitou. Na mulher que vai ao Zoológico, procurando o
ódio, mas encontra o amor transbordando no olhar e nas atitudes de cada animal,
podemos perceber muito da identidade da própria autora. Clarice, assim como a
maioria de suas personagens femininas, foi uma mulher muito solitária e
frustrada amorosamente. Acreditando que tal aprendizagem se dará
por meio da observação do modo como os animais se relacionam, já que, da mesma
forma que o amor, o ódio é vivenciado e aprendido na convivência com outros
seres. A premissa da personagem parece ser a de que haveria entre os chamados
irracionais uma violência gratuita e instintual, uma espécie de pulsão da
existência dos bichos, que determinaria o ódio entre eles.
A negação do ódio fica clara nas cenas de cumplicidade entre
os animais, conforme se percebe na enumeração dos eventos a seguir: “Até o leão
lambeu a testa glabra da leoa” “Mas isso é amor, é amor de novo”; “Com a tola
inocência do que é grande e leve e sem culpa” “A macaca com olhar resignado de
amor, e a outra macaca dando de mamar”; “Ao elefante fora dado com uma simples
pata esmagar. Mas não esmagava potência que se deixaria conduzir docilmente a
um circo”. A partir da observação destas cenas a personagem depara-se com o
fato de que as relações entre macho e fêmea não obedecem à mesma lógica que
orienta as relações humanas.
Até que encontrou no búfalo o sentimento que estava
procurando.
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